terça-feira, 25 de março de 2014

Ontem triste. E hoje se sentido protegida.

Ontem, eu fiquei com muita raiva.
A minha vontade de arrebentar a cara do garoto.
Mas, a única vontade que pude fazer era de chorar.


Eu: O que aconteceu?
Gabriel: O menino da outra classe me riscou.
Eu: Porque ele fez isso?
Gabriel: Eu não sei. Ele vive me enchendo.
Eu: Você falou com alguém?
Gabriel: Falei com a professora.
Eu: O que ela fez?
Gabriel: Ia falar com o menino não fazer mais.

Que raiva.
Que ódio.
A única coisa que eu fiz foi mandar um email para escola informando o caso e pedindo que ajude o Gabriel a lidar com esta questão.

Sei que crianças brigam, sei que faz parte.
Mas, neste caso, foi uma brincadeira de mal gosto gratuita.
E que o deixou muito triste. E que me fez ficar impotente novamente.

E hoje, me senti protegida.

Hoje, na escola,a Nath foi tirar satisfação com o menino.
Nath: Fulano, porque você fica enchendo o meu irmão?
Fulano: E quem é o seu irmão?
Nath: O Akio.
Fulano: Eu não encho ele.
Nath: Tá bom! Então fica bem longe dele.

Eu: Nath, como você falou com ele?
Nath: Eu fui perto dele, fiz uma cara de bem brava e falei bem brava com ele.

Com certeza o menino não deve dormir esta noite.
Abaixo é a cena que posso visualizar da Nath falando com o garoto.









segunda-feira, 24 de março de 2014

#diversao23

As aventuras de quem  escuta, mas não compreende.

Gabriel: Mamãe, eu vou para grandes ligas.
Eu: O que?
Gabriel: Quando eu crescer, eu serei um grande jogador de beisebol e representar o Brasil.
Eu: Gabriel, mas tem que treinar muito, todos os dias.
Gabriel: Eu sei, vou treinar.
Eu: E o caminho é longo e distante.
Gabriel: Eu vou perguntar para o meu amigo.
Eu: Perguntar o que?
Gabriel: Ué? O endereço para chegar lá. Você não falou que é longe?
Eu: O caminho longo, eu quis dizer que é muito ano de dedicação, de disciplina, de força de vontade, não é o caminho para chegar.
Gabriel: Credo, como você complica tudo. Vive me confundindo.

terça-feira, 18 de março de 2014

Márcia é você, Márcia sou eu.

O Gabriel não é autista.
Não passo nem 10% da dificuldade de uma Márcia, mãe de autista.
Mas, o meu combustível também é: O sorriso do Gabriel é o que renova a minha força a cada dia.

O texto é longo, mas vale a pena ler.

A mãe - o autismo do outro lado da porta

-“Boa tarde, Márcia! Oi João Pedro, vamos lá? Hoje a tia vai fazer uma brincadeira super legal!”
A porta é fechada. A sessão do Pedro com a T.O. começa.
 Márcia é a mãe do autista na recepção da clínica, Pedro é a criança autista dentro da sala.
Dentro do consultório a terapeuta trabalha com o Pedro. Os jogos, os desafios, muita coisa a aprender. Esse é o autismo lá dentro.
Do outro lado da porta a Márcia abre a revista Caras e passa as páginas sem ler um parágrafo sequer.  Seu pensamento está dentro da sala. Seu pensamento está no futuro incerto do Pedro. Esse é o autismo do outro lado da porta. Esse é o autismo sem atendimento.
Quantas vezes ali do outro lado da porta a Márcia chorou? Quantas vezes ela pensou: como vou pagar a terapia deste mês? Será que meus outros filhos já fizeram o dever de casa hoje? Será que o Pedro algum dia fará um dever de casa? Será que o Pedro vai dormir hoje à noite? Se ele dormisse… seria bom ter esse tempo com meu marido.
Mas o dia seguinte vem e as forças da Márcia se renovam no sorriso do Pedro. Essa é a sua terapia…vê-lo sorrir!
Márcia precisa ser forte, ela sabe. A sociedade não perdoa as birras do Pedro. O marido não perdoa a bagunça da casa. A vizinha de baixo não perdoa o barulho das passadas firmes do Pedro no meio da madrugada. A sogra não perdoa porque os “genes defeituosos” não vieram da família dela.  A amiga de infância da Márcia não perdoa porque a Márcia precisa sempre desligar o telefone quando a conversa está ficando boa. MÁRCIA, A IMPERDOÁVEL!
Tem Márcia que chora, tem Márcia que ri pra não chorar.
Tem Márcia que ama o Pedro, tem Márcia que ama a Gabriela, tem Márcia que ama o Lucas, tem Márcia que ama a Stella.
Tem Márcia pra tudo. Tem Márcia pra dieta, tem Márcia pra Sonrise. Tem Márcia no workshop da ABA, tem Márcia no protesto da Esplanada.
Tem Márcia que tem um Pedro, mas não foi ela quem o pariu. Tem Márcia que ninguém sabe, ninguém viu!
Tem Márcia com o filho encarcerado, tem Márcia com o filho incluído. Tem Márcia que o filho está num ambiente escolar fingido. Finge que aceita, finge que inclui, finge que aplica. E a Márcia não suporta mais fingir que acredita.
Tem Pedro de tudo quanto é jeito, Pedro grave, Pedro leve. Pedro que dança, Pedro que representa. Tem Pedro que poderia aprender, mas ele não senta.
Márcia que largou a carreira profissional. Márcia que trabalha com a cabeça lá no Pedro!
Tem mil realidades da Márcia. Tem mil realidades do Pedro.
Márcia é você, Márcia sou eu.
Que precisa da manicure e da massagem que te cure. Que precisa desabafar e se cuidar. Márcias que precisam de condições pra trabalhar.
Márcia é missão que não acaba. Márcia trava a batalha diária e a vence todos os dias, pois todo dia é dia de vencer. Pedro é a criança diferente. Pedro é muito além da gente. Pedro é muita areia pro caminhãozinho dessa sociedade. Pedro é arretado, Pedro é barbaridade!
Pedro não precisa de pena. Pedro precisa da ciência a seu favor. Pedro não precisa ser contido e sim que encontrem a origem de sua dor.
Levanta a cabeça Márcia, mesmo que ninguém venha a te cuidar. Acorda Márcia… acorda que a irmandade é azul e tem quem queira te abraçar.
O autismo do lado de cá da porta é bem difícil de levar. Mas você não pode parar, na fé, na força e no sorriso do teu Pedro…
Sorria Márcia, sorria!
(Essa é uma história “fictícia”, qualquer semelhança entre nomes e fatos terá sido mera coincidência!) 
Evellin Diniz
https://poderdospais.wordpress.com/2013/07/11/a-mae-o-autismo-do-outro-lado-da-porta/

sexta-feira, 14 de março de 2014

2, 3 , 4 .......

No começo do ano 2014.

Eu: Gabriel, eu preciso que você me ajude? Este ano, a mamãe não vai conseguir pagar todas as suas despesas. O que você acha de parar a psicóloga e a professora particular?
Gabriel: Tudo bem mamãe.
Eu: Eu me preocupo muito com você e sei o quanto você precisa muito dos tratamentos. Só que pagar: fono, psicóloga, professora particular e os médicos (todos particulares) são caros e não tenho mais dinheiro para manter tudo isso.
Gabriel: Eu estou bem mamãe.
Eu: Morro de medo de você ficar triste de novo e voltar a chorar.
Gabriel: Eu consigo mamãe. Eu sei me virar e não vou ficar triste de novo. E estudo sozinho.

As primeiras provas do ano, eu sempre deixo o Gabriel se virar sozinho mesmo, até mesmo para saber o quanto ele sabe.

E as notas chegaram: 2, 3, 4, português, história e matemática respectivamente.

Apesar do aparelho fazer o Gabriel escutar melhor.
Ele ainda não tem interpretação de texto.
E, principalmente, não consegue separar as informações importantes de uma matéria.

Esta semana começamos os estudos.
Toda noite das 20:00 as 21:00hs.
E confesso que voltar do serviço, voltar estudar e ter paciência não é fácil não.
O importante que o Gabriel não esta reclamando, esta empenhado nos estudos e a auto estima não caiu.

Vamos em frente!!
 Espero em breve começar a contar: 7, 8, 9 e 10.

terça-feira, 11 de março de 2014

E te pergunto?

As pessoas me perguntam porque eu não procuro atendimento no Estado ou em Institutos?
O governo tem programas de tratamentos e inclusão para as crianças.

E te pergunto?

Eu saio de casa as 7 horas da manhã e volto as 7 horas da noite.
São 12 horas fora de casa.
Trabalho 8 horas por dia, de segunda a sexta.
Destas 4 horas que sobra é de locomoção para levar as crianças para escola, ir para o trabalho, a espera da condução e trânsito.

Como funciona os médicos pelo Estado ou por Institutos?
Eles atendem de segunda a sexta das 8:00 até as 17:00hs.
Ainda você precisa pegar a senha para marcar as consultas.
Você não pode escolher nem dia e nem horário.
E os médicos vivem atrasado.

Como encaixar no dia a dia de um assalariado?
Como uma pessoa pode levar o seu filho ao médico, sem ter prejuízo no emprego?
Fora que o tratamento é longo e semanalmente.

Quantas vezes eu já ouvi a seguinte frase: você pode ficar na fila para atendimento, mas aqui é prioridade pessoas que não tem condições de pagar, e pela sua renda familiar, o ideal é que você procurasse um profissional particular.  Porque você tira a oportunidade de quem não pode pagar.

Quem trabalha não tem prioridade.
Quem trabalha é que precisa se sensibilizar com os outros que não podem pagar.
Quem trabalha é que precisa se virar para ser atendido.
Quem trabalha paga um montão de imposto.
Quem trabalha não recebe nada em troca.

Realmente, no Brasil quem trabalha só se F...... 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Tata, irmã-amiga.

Hoje, temos uma convidada muito especial participando do blog, minha Tata.

Quando ainda eu era pequena um bebe, o Gabriel, meu irmão, me chamava de Tata.
Eu achava estranho, porque ninguém nunca me chamou assim e não tinha nada ver
Mais já que eu "descubri" que o Gabriel tem DPAC, hoje eu entendo o porque ele me chamava assim.

E agora eu gostaria que me chamassem de Tata
Por que em primeiro lugar: foi uns dos meus primeiros apelidos
E,segundo:Foi umas das primeiras palavras que meu irmão falou.

É Nath, ou melhor, Tata, será difícil agora te chamar assim.
Porque na época a fono orientou toda a família a falar corretamente as palavras para ajudar o Gabriel.
E o seu nome foi um destes que tivemos que corrigir.
Mas, era tão lindo o Gabriel te chamando quando você era bebezinha: Tata qui, Tata oia, Tata ora.

O Gabriel demorou para falar e a única que entendia, ou fingia que entendia tudo era você.
Você sempre foi e sempre será a irmã-amiga do Gabriel.

Obrigada Tata por existir.


quarta-feira, 5 de março de 2014

Mais um passo - Auto confiança na sala de aula.

As pessoas me perguntam:
- E o aparelho como esta? Funciona mesmo?

Bom, o Gabriel já esta há um mês com o aparelho.
E esta muito feliz usando.

A escola informou que o Gabriel esta mais participativo em sala de aula.
Perguntando, tirando dúvidas e principalmente respondendo as perguntas corretamente.
Com o aparelho ele ganhou auto confiança dentro da sala de aula.

Acredito com a mudança acima, já valeu o investimento.
Agora é trabalhar com esta auto confiança e tentar não deixar a peteca cair.