Era a fonoaudióloga do meu filho.
Gabriel tinha 6 anos e descobrimos que ele tinha DPAC
(alteração do processamento auditivo).
Foi uma época muito difícil, pois
ninguém o entendia.
E ele acabava chorando, gritando
e se jogando no chão.
Ele era muito nervoso por não
conseguir se expressar.
E mais irritado quando as
crianças riam da cara dele.
O Gabriel fazia fono desde os 4
anos de idade.
Como não estava progredindo,
resolvemos levá-lo para uma especialista em DPAC.
Entretanto, o Gabriel odiava ir
para lá.
Voltava para casa sempre triste.
E chorava e fazia birra para não
ir.
Era um caos, e eu resolvi tirá-lo
Na última consulta com a fono,
fui conversar e informar que o Gabriel estaria saindo.
E esta informou que o meu filho
era muito mal educado.
Sai da consulta arrasada.
Depois de alguns anos.
Em um dia como outro qualquer.
O Gabriel olhou para mim e disse:
Sabe aquela fono que a tia me levava?
Eu: Sim.
Gabriel: Ela me batia.
Eu: Como?
Gabriel: Ela me batia e colocava eu na cadeira na força.
Eu: Porque você não me contou?
Gabriel: ela falou que eu não
podia contar para ninguém.
Nos abraçamos e choramos muito.
Fiquei com muita raiva.
E com o coração partido.
Como uma profissional que
entendia do DPAC podia agir daquela maneira?
Se ele era irritado, era porque
ele se sentia frustrado.
A minha vontade era de voltar e
dar um soco na infeliz.
Denunciar para o conselho.
E o que eu fiz?
Nada, não fiz nada.
Não tinha provas. Somente um depoimento
de um filho.
Até hoje tenho raiva de mim mesma
por não ter feito nada.