Quando o Gabriel
tinha 4 anos, ele falava apenas palavras soltas e pela metade ola (coca cola),
eta (bicicleta)
Eu achei que ele
nunca falaria corretamente.
Pensei em chorar.
Mas aos 10 anos passei a entendê-lo.
Quando o Gabriel
tinha 5 anos, ele não obedecia, vivia fazendo birras.
Eu achei que ele
era mal educado e mimado.
Pensei em sumir.
Mas, aos 7 anos
eu descobri que ele tinha DPAC.
Quando o Gabriel
tinha 6 anos, ele não parava de chorar.
Eu achei que ele
nunca pararia.
Pensei em morrer.
Mas, aos 12 anos
eles se fortaleceu.
Quando o Gabriel
tinha 7 anos, entendemos que que ele não compreendia o que falava ou solicitava.
Eu achei que ele
nunca compreenderia.
Pensei em
desaparecer
Mas, aos 11 anos
com muito esforço, ele disse: agora eu entendo o que você fala.
Quando o Gabriel
tinha 8 anos ele disse: não quero ir para escola.
Eu achei que ele
pararia de estudar.
Pensei em voar
bem longe.
Mas, aos 12 anos
ele passou a gostar.
Quando o Gabriel
tinha 9 anos e dizia que não tinha amigos.
Eu achei que ele
nunca faria amigos
Pensei em me
esconder
Mas, aos 13 anos
ele disse: agora tenho amigos.
Quando o Gabriel
tinha 10 anos, as escola era um desafio.
Ele não entendia
o que os professores falavam.
Pensei em fugir
Mas, aos 11 anos
ele disse: você sabe que agora eu entendo o que você fala
Quando o Gabriel
tinha 11 anos, ele não sabia cantar ainda.
Eu achei que ele
nunca aprenderia.
Pensei em sumir
Mas, aos 14 anos
ele aprendeu.
Quando o Gabriel
tinha 12 anos, as pessoas riam porque ele trocava as palavras ou letras.
Eu achei que seria
sempre assim.
Pensei em
evaporar
Mas, a cada dia
ele vem falando melhor.
Quando o Gabriel
tinha 13 anos, ninguém o chamava para ir em aniversários.
Eu achei que
nunca o chamariam.
Pensei que enlouqueceria
Mas, quando
chegou um convite, foi uma grande festa.
Quando o Gabriel
tinha 14 anos, ele era ainda café com leite nos trabalhos da escola.
Eu achava que
ele sempre seria assim.
Pensei em
encobrir
Mas, a cada dia
ele vem se esforçando para mostrar que é capaz de fazer.
Quando o Gabriel
tinha 15 anos, quebraram o braço dele na escola.
Eu fiquei
arrasada
Pensei em xingar.
Mas, no ano seguinte
os amigos da escola passaram a entendê-lo e a inclui-lo realmente na escola.
Quando o Gabriel
tinha 16 anos, ele foi para o ensino médio.
Eu pensei que
ele não daria conta.
Pensei em
ocultar.
Mas, a cada dia
ele mostra interessado em aprender.
Hoje o Gabriel
tem 17 anos.
E com ele aprendi
o que é ser persistente.
E, principalmente
o que é ser resiliente.
A vida mostrou que
eu estava enganada.
Sofri demais.
Chorei demais.
Ontem eu pensava
que ele não seria capaz.
E hoje, vejo o quão
forte ele é.
Para as famílias
que acham que o seu filho não será capaz, tenham a certeza.
Que eles mudam.
Eles crescem.
E tudo se transformam no seu tempo.