segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Lei da sobrevivência.

O Gabriel voltou muitas vezes para casa triste, porque os meninos diziam que era gordo, quatro olhos, burro, sem noção, otário, sorriso metálico, pegavam o lanche dele, não deixavam ele brincar, etc e etc.

Eu sempre falava para ele: um dia quando você der um soco na cara destes meninos, eles vão parar de encher.
E ele sempre dizia: Mãe, não pode brigar. Brigar ou bater é feio, temos que ser amigos.

E assim foi por longos anos, sempre o Gabriel voltando triste para casa.

E faz um mês que eu tive uma grande surpresa.
Eu, o Gabriel e a psicóloga estávamos conversando quando o Gabriel disse: hoje só tem um menino que me enche na escola.
Psicóloga: e o que você faz?
Gabriel: Eu finjo que não escuto e vou embora. Mas, se ele fica enchendo, eu bato nele.
Psicóloga: Não pode bater. Depois a gente conversa e vê uma maneira de você se defender.

Quando saímos do consultório eu disse: Muito bem Gabriel. Se o menino te encher, você mete um soco nele.
Gabriel: Mamãe, eu não posso bater, é muito feio. E se a gente briga na escola, eu vou para diretoria e você terá que ir para escola.
Eu: Não tem problema, eu vou para escola e converso com a sua diretora!
Gabriel: Tem um menino na escola que diz assim para todo mundo: você quer morrer?
Eu: E ele já te ameaçou?
Gabriel: Uma vez só, e eu peguei ele pelo pescoço e disse para ele nunca mais fazer isso. E ele nunca mais falou se eu queria morrer.
Eu: É isso aí Gabriel. Não deixe ninguém te maltratar ou intimidar você.
Gabriel: Mamãe, eu procuro sair de perto, mas se o menino fica me enchendo muito, eu bato nele.

Sei que não posso incitar a violência.
Mas, tenho que ensinar o meu filho a se defender, não?
Ele não pode ser sempre o bobão da turma para sempre.

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