terça-feira, 30 de abril de 2013

A segunda mais linda....


Gabriel: Mãe! Você é a segunda mais linda desta casa?
Eu: Como assim? E quem é a primeira?
Gabriel: o moti!

Buá! Buá! Buá!

Isso me lembra quando o Gabriel era pequeno e disse: mamãe eu amo a prô!
Na hora fiquei triste, fiquei chateada e depois com raiva. Como assim? Amar a professora?!?!
Mas, depois que passou os 5 minutos de raiva, eu fiquei muito, mas, muito feliz com esta frase do Gabriel.

E no outro dia, já estava na escola abraçando a professora.
E falei: o Gabriel disse que ama muito você. E fiquei muito feliz em saber disso. Para ele, neste momento de tristeza, saber que existe uma outra pessoa que não é dá família que ele ama também é fantástico. Porque isso mostra o quanto ele esta sendo bem tratado por você.

E ficamos por um bom tempo abraçadas e chorando de felicidade.



Nath: Mãe, porque você esta chorando?
Eu: sou a segunda mais linda da casa... buá, buá.....
Nath: Não chora não mãe! Pelo menos você é a segunda. Eu que sou a última da lista do Gabi, sou a mais feia da casa.
Eu: vem abraçar mamãe, minha linda princesa!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Muleta


A maior preocupação minha e do Herbert sempre foi tomar cuidado para que o Gabriel não utilizasse a sua dificuldade como muleta.

Nunca dissemos para ele assim: você não conseguiu fazer porque você tem alteração do processamento por isso as coisas acabam sendo mais difícil para você.

Nem ele sabe que tem este problema, o Gabriel acredita que ele não escuta direito, então a única coisa que ele diz é: você pode repetir, porque eu não ouço direito.

Se é certo ou errado agir desta maneira, eu já não sei.
Só queremos que ele se esforce para conseguir o seu objetivo. E sempre o incentivamos desta maneira:
- Faça o seu melhor
- Pode não sair perfeito, mas faça o que você pode.
- Não espere que os outros façam por você.
- Você é capaz. Acredite.

O ponto mais difícil é trabalhar a nossa expectativa. Porque como todos pais, sempre queremos que o filho seja o melhor, o perfeito.
Então aprendemos que ele tem as suas limitações e o seu tempo de amadurecimento.

A nossa maior conquista é ver o Gabriel se esforçando para atingir os seus objetivos.
E o mais importante do jeitinho dele.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dicas para ajudar uma criança com DPAC

Dicas de como pais e professores podem ajudar uma criança com alteração do processamento auditivo (DPAC)

- Antes de começar a falar, chame, olhe, ou toque a criança. Garanta que ela esta olhando para você;
- Fale mais alto, sem gritar, olhando para criança de frente;
- Fale pausado, mais articulado;
- Repita a ordem várias vezes, garanta que a criança entendeu, pedindo que ela repita o que deve ser feito;
- Use frases mais curtas;
- Adicione palavras diferente às da criança, ampliando o vocabulário dela;
- No início diminua os barulhos da casa (desligar rádio, TV) ou da sala de aula (pedir silêncio, fechar a janela quando possível), enquanto se fala com a criança;
- Criar situações de comunicação com o seu filho pelo menos 30 minutos por dia;
- Contar histórias, cantar músicas, perguntar sobre a atividades do dia.






quinta-feira, 25 de abril de 2013

Dica: como sobreviver a uma anamnese.


“Anamnese é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença”

Todos os profissionais: fono, neuro, psicólogos sempre fazem a mesma entrevista como: se a gestação foi tranquila, qual foi o peso, altura, quando começou a andar, sentar, engatinhar etc e etc.

No caso do Gabriel como eu não tinha um plano bom, eu tive que mudar diversas vezes de profissionais, logo, ficava repetindo toda vez a mesma história. Era frustrante fazer isso.

Até que um dia tive uma brilhante idéia! Anotem a dica:

Coloque todas as informações do seu filho em um papel, e se aparecer alguma nova, vá acrescentando. Assim, quando o médico começar a dizer que você precisa preencher a ficha de anamnese ou que ele fará uma entrevista, você entrega o papel com todas as informações. Pronto, não precisa ficar repetindo toda vez e lembrar das datas também.


Acredito que os médicos deviam me achar uma louca. Mas, pelo menos eu me sinto esperta....rs

quarta-feira, 24 de abril de 2013

#Diversão1


Situações divertidas que acontecem no dia a dia de uma criança que entende, mas tem hora que não compreende.......

SOCORRO
Toca o interfone (trim, trim, trim)


Gabriel: Alô?
Interfone: Gabriel Socorro!
Gabriel: o quê?
Interfone: Socorro Gabriel
Gabriel: quê? Socorro?
Interfone: Gabriel Socorro
Gabriel: peraê! Mamãe, tem uma moça falando Socorro. Gabriel socorro!
Corro aflita para o telefone.
Eu: O que aconteceu?!?!
Interfone: Cris, é a Socorro, estou tentando falar para o Gabriel que é a Socorro que esta falando, mas ele não esta me entendendo.








A história foi assim:


Gabriel: Alô?
Interfone: Gabriel é a Socorro.
Gabriel: o quê?
Interfone: Socorro, Gabriel, a moça da limpeza
Gabriel: quê? Socorro?
Interfone: Gabriel é a Socorro, chama a sua mãe.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Eles não tem depressão, mas adoecem também.


Quando o Gabriel entrou em depressão porque descobriu que era diferente dos outros, que entendeu que os amigos riam da cara dele, que o chamavam de gordo, quatro olhos, e de dente metálico, ele ficou muito mal. E, foi para o psicólogo.

A cura não vem de um dia para outro. Leva tempo. Tem que ter paciência. Tem dias bons e dias ruins.
Este dia a dia de altos e baixos não é fácil para quem cuida. Você sempre incentivando, compreendendo, sempre na dúvida se é para dar bronca ou não, sempre, sempre com o sentimento de que toda a hora você esta pisando em ovos.

Eu, saia para trabalhar, ficava o dia inteiro fora, quando voltava, era um caos, era complicado, eu ainda tinha a fuga de ficar fora de dia, mas mesmo assim eu sofri.

Já a avó do Gabriel ficava com ele a tarde e até o começo da noite. Tinha a missão de levá-lo para fazer terapia com a fono e com a psicóloga. E quantas vezes ele não estava afim de ir para terapia, chorava, fazia birra, se atirava no chão, teve uma vez que ele estava com tanto ódio de estar na fono, que deu um soco na mesa dela que quebrou. Minha mãe não sabia onde enfiar a cara.

E fora que tanto ela como eu, não sabíamos como ajudar o Gabriel com o problema dele de DPAC, por mais que a gente se desdobrava a explicar as lição, a formar frase, a fazer conta, o Gabriel não entendia, ficava irritado, era um caos.

A avó do Gabriel começou a ficar doente, começou a sentir o peso de cuidar do Gabriel. Ela também precisava ir para psicóloga para tirar o sentimento de culpa de não ser capaz de entender e de ajudar o seu neto. Deveria ter incentivado a minha mãe a procurar um psicólogo, para tirar este sentimento de culpa, de impotência, mas eu não o fiz.

Na verdade, não fiz nada, nem eu sabia, nem tinha ideia do que fazer e por onde começar. Chegar na casa da minha mãe e ver ela triste, o Gabriel chorando e a Nath com a cara: mãe faz algo? Era um terror. Eu simplesmente chorava por não conseguir fazer nada para ajudar as três pessoas que mais amo neste mundo.


Hoje, todos estão bem.
Superamos! Conseguimos dar a volta por cima!
Mas, podíamos ter sofrido menos
Então eu acredito que todos os integrantes de uma família que fica envolvido com uma criança com depressão, precisa sim passar em tratamento médico.
Pode parecer besteira, mas quem ajuda uma pessoa, precisa ser ajudada também, não dá, não tem como resolver sozinho sem ficar doente também.
Eu e a avó do Gabriel adoecemos tanto psicologicamente quanto fisicamente: ficamos nervosas, chatas, irritadas, ansiosas e tristes e envelhecemos muito.

Eu, a avó não tínhamos depressão, mas adoecemos junto também.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Oportunidade


Para eu, para você, para todo mundo, ter oportunidade e uma chance de mostrar o seu talento é muito difícil.
São poucas pessoas, poucos chefes, poucas empresas que dão esta oportunidade de mostrar o seu trabalho.
E quando aparece, temos que aproveitar a chance e ir a luta.


O Gabriel me surpreendeu neste fim de semana que passou.
Ele teve a oportunidade de ser o Capitão do time de beisebol.
Não foi perfeito, faltou um monte de detalhes, mas eu fiquei impressionada com a força que ele estava para vencer o jogo e incentivar as crianças.

Mostrou garra, mostrou coragem, fez algumas jogadas que nem sabia que ele sabia fazer (esta certo que nem tudo deu certo...rs), mas estava lá confiante que conseguiria.

Gabriel Capitão Gigantes B

Esta oportunidade única de ser o Capitão do time, tirou ele da zona de conforto, ele teve que enfrentar e ir a luta. E espero esta garra e coragem reflita no seu dia a dia.

Acreditar em você é um fator fundamental para ter auto confiança.

Obrigado Sensei Claudio por esta oportunidade.
Não tenho palavras para agradecer o seu gesto! Muito obrigado de coração. 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Distúrbio Processamento Auditivo Central (DPAC)




Distúrbio Processamento Auditivo Central (DPAC)

Manifestações que criança com DPAC pode apresentar:


- Dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita
- Dificuldade em compreender o que lê
- Dificuldade em entender piadas, ideias abstratas ou de duplo sentido
- Dificuldade em dar um recado ou contar um história
- Dificuldade em decorar nome e data.
- Dificuldade em localizar o som
- Dificuldade em acompanhar uma conversa
- Troca de letras das palavras
- Precisa chamar várias vezes
- Solicita com frequência a repetição de informações: Quê? Como? Ah?





Foto da matéria da Folha 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Jornada dupla!


Quando eu descobri que o Gabriel tinha alteração do processamento auditivo, comecei a me questionar se realmente valia a pena trabalhar.
Eu pensava: neste momento o meu filho precisa de mim e preciso me dedicar para que possa crescer.

Pronto, decidido! Ficarei em casa, darei todo o carinho e assistência que o meu filho precise.

Só que você descobre que além de você, ele precisa de profissionais especializados, e pior ainda, o governo não te dá nenhum apoio e o seu convênio não paga todos os tratamentos.
E vem a questão: sem dinheiro, sem médico, sem atendimento. E o que resta?

Trabalhar e se desdobrar: trabalho, casa, filho.

Ok. Vamos trabalhar, mas como conciliar terapia, médico, trabalho, escola com a sua rotina?

A rotina do Gabriel é essa:
Segunda: psicopedagoga
Terça: fonoaudióloga 
Quarta: psicopedagoga
Quinta: CT e psicóloga
Sexta: psicopedagoga (na época de prova)

E toda noite: conferir a lição de casa, ensinar ou rever.
Reunião de tempo em tempo na escola para ver como esta o progresso dele.
Médicos pediatra, endócrino, neuro para serem visitados em tempo em tempo.
E fora as obrigações domésticas como: limpar a casa, lavar e passar, fazer a janta.

Isso porque o Gabriel só tem DPAC, imagina os pais que tem filhos com autismo, síndrome de down, paralisia cerebral, imagine como é uma rotina destas mães que tem que trabalhar x cuidar da casa x do filho.

Se o governo não consegue pagar uma mãe para ficar em casa e ajudar o seu filho.
Pelo menos podia ajudar no tratamento médico que é tão caro. 


Parabéns as famílias que se desdobram em 20 para melhorar e crescer a crianças que tem dificuldades


As dificuldades e o cansaço que enfrentamos no dia a dia são muitas, mas a evolução que eles conseguem a cada dia vale todo este esforço.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Ué, não entendi?


Ué, não entendi?

Crianças com alteração do processamento auditivo tem dificuldade de entender piadas, ideias abstratas ou de duplo sentido.

Não entender uma piada para uma criança é muito complicado, porque ela passa para os outros que é burro, idiota, ou até mesmo que é mal humorado.

Para quem esta de fora pensa: e daí que você não entende, deixa para lá.
Já para a criança é complicado porque ela fica de fora da diversão de rir , o se sente o ET da turma.




Palavras de duplo sentido então, é um caso complicado, uma frase como: João é um cachorro. Fica assim:
Gabi: Mãe, não sabia que o João tem cachorro.
Eu: Não Gabriel, o João não tem cachorro, o João é um cachorro, quer dizer que ele é um safado.
Gabi: Safado, o que é safado?
Eu: Safado = atrevido.
Gabi: ué, o cachorro é atrevido? Não entendi......?????????????

Aos tempos eles vão aprendendo a lidar com a situação, eu acredito que eles não entendem muitas frases, mas fingem melhor.

Antigamente o Gabriel ficava com aquela cara de ? quando contavam uma piada. Agora ele lida assim:


Nath: Gabriel, tenho uma piada para te contar: então, o Joãozinho foi na feira comprar.......
Gabriel: kkkkkkkkkkkkkk
Nath: Engraçado esta piada, né Gabriel?
Gabriel: Sei lá, não entendi nada.
Nath: E porque você riu?
Gabriel: Sou muito esperto. Se eu der risada, ninguém vai achar que sou bobo!

A vida é assim: se você não tem cão, caça com gato. Ué mãe não entendi?!?!

terça-feira, 16 de abril de 2013

Moti


Os estudiosos, cientistas, terapeutas e amantes destes bichos dizem que ter um animal de estimação é muito importante para uma criança, pois estimula e cria responsabilidade.

Pensando nisso, trouxemos o Moti para casa. Um cachorrinho, lindo e meigo e que será o novo amigo do Gabriel e da Nath.


Tenho certeza que o Moti será um elo de amizade e amor e principalmente de união, conforme o significado do seu nome.




MOTI
É um bolinho japonês feito de arroz.
Preparo: o arroz cozido é socado e umedecido várias e várias vezes, até que se torne uma massa homogênea e grudenta o que torna difícil a sua separação.
É um símbolo da cultura japonesa, pois, para produzi-la tradicionalmente necessita do trabalho em conjunto e muito bem coordenado de três ou mais pessoas.
O arroz é símbolo de prosperidade e fartura.

Seja bem vindo a nossa família MOTI.

sábado, 13 de abril de 2013

Anjinha



 Quando a gente tem um filho que requer mais atenção, a gente acaba deixando de lado o outro filho, no meu caso, a minha querida Tata.

Nathalia, Nath, Nana ou Tata, uma menina linda, meiga, carinhosa, protetora, esforçada, amiga, tímida, companheira, alegre e prestativa.

Desde pequena nunca deu trabalho. Sempre boazinha, uma princesa que toda mãe gostaria de ter.
Um garota que não tem preguiça, ajuda em tudo o que precisar, e sempre socorre a mãe e o Gabriel nas horas difíceis.

Parece tão pequena e frágil, mas é grande e forte. Não existe tempo ruim, mesmo de longe vem correndo para auxiliar.










Sempre atenciosa, amiga e companheira.







Quem conhece a Nath sabe realmente o que estou falando.

















Nathalia, uma anjinha que Deus enviou.


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Procure ajuda, não aceite rótulos.

Mamãe, papai e família, se vocês perceberam que sua criança é diferente, procure um médico, grite por ajuda.
Jamais aceitem o rótulo que o seu filho é preguiçoso, mimado ou imaturo.

O Gabriel tinha este rótulo. Se eu tivesse ido atrás quando ele tinha 5 anos e disse: Camelo, mamãe? Pode ser que eu teria o poupado de muitas coisas.

Na hora percebi que o meu filho era diferente mas, não fui em frente, esperei ele completar 7 anos para ir atrás.
São vários distúrbios que uma criança pode ter como: alteração do processamento, déficit de atenção, dislexia, hiperatividade, etc, etc etc.

E independente de qual seja o “problema” do seu filho, começar um tratamento com vários médicos (fono, psicólogas, psicopedagogas, TO, fisioterapeuta.....) é imprescindível.  

Eu, por falta de conhecimento ou por acreditar que podia ajudar, não comecei com um atendimento multidisciplinar. Acreditei que ele precisava apenas da fono. Com todo o resto pudia crer que daria conta do recado.

Mas não foi assim e hoje eu conto com ajuda de vários profissionais para que do dia a dia do Gabriel possa ser menos difícil.

Semana passada o Gabriel acordou reclamando da vida: que ninguém o entendia, que ninguém deixava ele fazer nada, que todo mundo achava ele burro, etc e etc.

Foi para escola reclamando, continuou reclamando na casa da avó. Quando eu cheguei para levá-lo a psicóloga, ele estava chorando e dizendo que a vida era difícil.

A avó tentava explicar, eu tentei conversar, mas nada, continuou chorando.

Eu disse assim: Gabriel, hoje quando você chegar na Cris (psico), você fala tudo para ela e conta todos os seus problemas.
Gabriel: Vou falar mesmo. Vou falar tudo. Não vou esconder nada.

Qualquer semelhança é mera coincidência! Rs
Fomos para psicologa e voltamos para casa.

Na manhã seguinte ele falava o seguinte mantra: "Eu tenho que criar responsabilidade, eu tenho que criar responsabilidade..."

Ontem quando fui ajudá-lo com os livros ele disse: "Eu faço sozinho mamãe, porque eu preciso ter responsabilidade."

Sabe aquela velha frase, Santo de casa não faz milagre?

No meu caso funciona direitinho.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Quinta feira dia Feliz!!!


O Gabriel não gosta de sair de casa, toda vez que tem que sair é um parto. Demora, reclama, resmunga e na hora que estamos com o pé para fora diz: quero ir ao banheiro!!

Ele prefere ficar em casa assistindo televisão e jogando o seu vídeo game.

Entretanto, tem um dia da semana, quinta feira, que o Gabriel adora sair de casa, o dia de visitar o seu amigo.

Faça chuva ou faça sol, o Gabriel está pronto para ir. E para chegar na casa do amigo, ele precisa andar 5 quadras e na volta tem uma subidona que só de pensar, já cansa.

Ele não reclama, não resmunga e não demora, vai feliz e volta gargalhando.

Quinta feira, é o dia do Gabriel fazer CT (treinamento) de beisebol, dia de aprender a jogar, a defender, a bater e principalmente dia de rir com o seu amigo Indião.

No primeiro dia o Gabriel não queria ir, ele tinha medo e foi obrigado pelo pai. Hoje ele é que pede para ir para treinar!

O Indião é o amigão, o amigo que confia e acredita nele. E, quando alguém acredita e dá atenção, o Gabriel se esforça para atingir o objetivo.

Hoje é quinta feira, o dia do Gabriel voltar para casa feliz e falante.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Luta diária na escola.


Crianças que tem alteração do processamento auditivo precisam ser estimuladas a todo momento para que possam prestar atenção e participar dos assuntos na sala de aula.

Estas crianças precisam sentar na primeira fileira e de preferência no meio, para que o som não fique em apenas de um lado do ouvido.

O professor precisa chamar a atenção da criança várias vezes para que ela se concentre na aula. E se possível escrever palavras chaves na lousa para que a criança consiga acompanhar a matéria, a linha de raciocínio.

Tudo muito fácil e simples, né?

Infelizmente, não. Muitos professores não estão preparados para lidar com o diferente. E pior, a sala de aula tem 35 alunos. As aulas duram 50 minutos.Como dar a atenção para uma criança e passar toda a matéria?!?!
Incluir uma criança com DPAC em uma sala de aula não é uma tarefa muito fácil mesmo.

A situação fica mais complicada quando é preciso trabalhar em grupo, seja numa prova ou num simples trabalho. Como explicar para os outros alunos, que o amigo que tem dificuldade de falar e entender, também precisa participar do grupo? E ainda, como motivá-lo, chamar atenção e explicar?

As crianças não têm a obrigação de estimular o Gabriel, não se pode exigir isso delas.

O Gabriel que precisa aprender a participar do grupo colocando ideias e sugestões.

Ainda não consegui mudar este cenário. No dia a dia do Gabriel situações como essas que descrevo abaixo são muito comuns:

Prova em grupo:
Gabriel: Mamãe. Eu estou triste. Os meus amigos disseram que foi minha culpa que tiramos 4 na prova em grupo de Ciências.
Eu: Será que foi sua culpa mesmo? O que aconteceu? Você errou a resposta?
Gabriel: Não mamãe. Eu não respondi nenhuma pergunta. A minha função era de passar a limpo a prova.
Eu: Então, eles que erraram Gabriel. Eles que escreveram a resposta errada. A culpa é deles.
Gabriel: Não mamãe. Quando eu fui passar a prova no papel da escola, a letra do menino era muito feia, e eu não entendia nada, então quando eu não entendia a palavra, eu escrevia outra no lugar.

Trabalho em grupo:
Gabriel: Mamãeeeee! O meu trabalho de Vulcão foi o melhor da escola!
Nath: É verdade mamãe, todo mundo adorou. Foi um sucesso!
Eu: Eba! Gabriel! Que ótima notícia! Mas, só uma dúvida, não me lembro de ter pesquisado nada sobre vulcão?!?!
Gabriel: Ah, mãe. Não precisava.
E eu: Ué? Como não? Você não ajudou em nada?
Gabriel: Sim, lógico que ajudei. Cada um tinha uma função. E eles disseram que a minha função era não fazer nada.

Tem hora que eu não sei se rio ou choro.


terça-feira, 9 de abril de 2013

Estrelinha Dourada.


Sonho do Gabriel foi sempre ganhar uma estrelinha dourada. 

No segundo ano do ensino fundamental, uma professora do Gabriel teve uma brilhante ideia.
Quem acertasse as respostas, ganharia uma estrelinha dourada!

O Gabriel nesta época ainda nem falava direito, trocava as letras, não sabia se fada era escrito com f ou com v, se sapato era com t ou d, e não conseguia entender a matéria, era um caos.
Mas, ele queria ganhar as estrelinhas. Só que ele não conseguia, porque tinha que acertar as respostas, e como acertar se ele nem sabia qual era pergunta que estava sendo feito?!?!?

Fui descobrir sobre as malditas estrelinhas quando um dia, em casa, ele chegou desabando de choro.
Gabi: Mamãe, eu burro! Eu burro!
Eu: Não, você não é burro. Porque você acha isso?
Gabi: Eu estrelinha abarela.
Eu: Que estrelinha?
Gabi: você não entende. Eu burro!
Nath: A professora do Gabriel dá uma estrelinha dourada para quem acertar a lição, o fulano de tal já tem 10 estrelinhas.
Eu: eu compro um monte de estrelinhas douradas amanhã! Não chora, não fique triste, é só uma estrelinha.
Gabi: A sua estrelinha não! Estrelinha da escola!

No outro dia fui direto falar com a coordenadora da escola. Falei para ela que o método de premiar as crianças com estrelinha dourada era muito injusta e o Gabriel nunca ganharia a tal estrelinha. E que se a professora quer incentivar uma criança, por que não dar a estrelinha para criança que se esforça em responder, ou que fez a lição, ou que se comportou?

A partir deste dia, nunca mais foi dada a estrelinha dourada.
E o Gabriel, até hoje, espera ganhar sua.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Beisebol , uma nova vida para o Gabriel.


Auto estima baixa, faz com que a criança comece a se fechar, a isolar e se sentir incapaz.
E agora o que fazer?
A minha saída foi procurar um esporte coletivo para que o Gabriel conseguisse trabalhar em equipe, para tentasse se aproximar mais das crianças e que essas crianças o motivassem.
E qual o melhor esporte para trabalhar nisso?

O BEISEBOL

O beisebol é um esporte que trabalha muito com união (para vencer o jogo é preciso de todos os jogadores), conquista (é preciso conquistar base por base para vencer), superação (você pode virar o jogo) e família (é a base deste esporte).

O beisebol deu uma nova vida para o Gabriel. Apareceram muitas pessoas que mudaram a sua vida: senseis, crianças, pais, mães, avôs e avós. Foram tanta gente que ajudaram diretamente ou indiretamente que fica difícil colocar o nome de todos neste blog, sem esquecer de ninguém.

A todos vocês: Muito obrigada por tudo!

Uma das cenas mais marcantes:

Cena de jogo de beisebol.
Última entrada
Dois batedores fora (2 outs)
Último ining
Bases cheias
Próximo a batedor para bater: 
O melhor batedor, o 4º batedor, atleta da seleção. (Vitória na certa)
Sensei (técnico) fala: pitcher hita (substituição de batedor). 
Vai Gabriel, entra para bater.


Chances de batida: 1%

O melhor batedor passa o taco de beisebol para o Gabriel e fala: vai Gabriel, “caceta bola”, acredita.
Nenhuma criança contesta o Sensei.
Ninguém diz: Putz, agora “ferrou”!!!
Os atletas (10 a 11 anos) todos apoiam, gritam e incentiva o Gabriel (você vai conseguir! Traz todo mundo Gabriel! Agora eles vão ver!)
Pais e mães torcem juntos, cantam e gritam palavras de incentivo.

Resultado: 3 strikes, batedor fora.

Fim de jogo.

Todos vão para perto do Gabriel e diz:
- Quase você acertou, passou por pouco!
- Você foi bem Gabriel
- Parabéns Gabriel, da próxima você bate!



O Gabriel baixinho diz assim: mamãe você viu que todos torceram? Mas, eu fiquei nervoso e não consegui bater.
E eu disse: tudo bem, da próxima vez você consegue.

Quem ganhou com o out (a eliminação) do Gabriel?
O time adversário? Ou o time que deu uma aula de solidariedade e companheirismo?

O gesto de solidariedade destas crianças tão pequenas, mudaram a rotina do Gabriel para sempre.
A partir deste dia, ele passou a ter mais confiança nele. Porque os amigos acreditavam nele. E o apoiaram mesmo ele errando.

As vezes gestos simples, mudam toda uma história.

domingo, 7 de abril de 2013

Bullying


Bullying

O Gabriel já sofreu muito bullying na escola. As crianças não queriam brincar com ele, porque ele falava todo enrolado, e não entendia as brincadeiras. E também era gordinho e usava óculos. Com isso ele começou a se fechar e a isolar para ninguém ficar rindo da cara dele.

Ele ficava o tempo inteiro sozinho na escola, não tinha amigo e nem colegas. A escola não conseguia fazer as crianças brincarem com ele. E o Gabriel começou a ficar depressivo, para quem não dormia a tarde, ele passou a dormir a tarde toda, e quando estava acordado, ficava chorando ou ficava quieto, sem vontade de brincar ou de levantar.

Foi uma época muito difícil, muito complicado, lidar com esta situação. Uma mãe querer ajudar e não conseguir era tão frustrante, tão triste, tão trágico. Foi dois meses de muito choro, do Gabriel, da mãe, da avó, querer ajudar e não poder fazer nada até que aos poucos com a ajuda dos amigos do beisebol foi voltando o sorriso no rosto e a alegria de viver.

Hoje, ele esta bem, confiante, se expressa, fala, mesmo sabendo que alguns vão rir da cara dele. As vezes fica triste, magoado, mas, passa, supera. A única coisa que até hoje ele continua é com a mania de comer escondido na hora do lanche na escola, não sei o porque. As vezes eu desconfio que as outras crianças roubavam o seu lanche, quem sabe um dia eu descubro o motivo.

A pior dor de uma mãe é não conseguir proteger o filho do preconceito da sociedade.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Terapia

A fonoaudióloga é a médica indicada para o tratamento de crianças que tem alteração do processamento auditivo. Mas, apenas ela não é o suficiente para ajudar pessoas que tem esta dificuldade

É necessário acompanhamento de: psicólogas, psicopedagogas, fisioterapeuta ou TO (terapia ocupacional). Estas crianças, com a dificuldade de escutar, entender e aprender faz com que ela fique com a auto estima muito baixa. Ela tende a se isolar e viver no seu mundo.

A psicóloga ajudará muito a cuidar da sua auto estima e com a sua rotina do dia a dia. No começo relutei bastante em colocar o Gabriel na psicóloga porque acreditava que eu podia ajudá-lo, mas, como sempre, santo de casa não faz milagres, me rendi a uma profissional. E posso falar que ajudou muito, e hoje, a sua auto estima esta nas alturas.



A psicopedagoga ajudará na parte pedagógica, também a mesma coisa, santo de casa não faz milagres. Estas crianças aprendem por associação de palavras. Não adianta mandá-lo decorar a frase: Quem descobriu o Brasil foi o Pedro Alvares Cabral em 1.500. Ele tem que decorar palavras chaves como: Descoberta = Brasil = Pedro. Tem que fazer esquemas de palavras para ele conseguir formar frases. Complicado, né? Muito complicado porque eles têm muita dificuldade em interpretação de texto..Ter alguém que ajude na escola é um ponto muito importante.

Fisioterapeuta ou TO é importante para ajudar na coordenação motora fina. O Gabriel, por exemplo, tem dificuldade em amarrar o sapato (tanto que ele usa tênis de velcro) e fechar os botões da camisa.  Mas, esta profissional infelizmente tive que deixar de lado pois financeiramente não sobrou dinheiro.

Hoje, com a ajuda da minha família eu consigo pagar os médicos especialistas em DPAC ou distúrbio de aprendizagem para o tratamento do Gabriel.
Mas, quantas crianças que tem o problema e não tem dinheiro para pagar?
Será que um dia esta situação mudará?!?!?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

E como o Gabriel escuta?


Quem tem distúrbio do processamento auditivo central (DPAC), como escuta? Como entende?
Eu poderia copiar algo da internet para explicação técnica do processo.
Mas, eu acredito que com exemplos fica mais fácil entender.

Vou citar exemplos de como eu acredito que o Gabriel escuta no seu dia a dia.
Lembrando que ele escuta 100%, mas a dificuldade dele é isolar o sons e prestar atenção na pessoa que esta falando e processar a informação.

1º Exemplo:
Estamos na feira e tem o feirante gritando, tiazinhas conversando, tem o barulho do carro passando, do carrinho, da criança chorando, do cachorro latindo. Todo mundo fazendo barulho ao mesmo tempo.
E eu falo: Gabriel compre maçã e banana.
Gabriel: o que mãe?
Ele precisa isolar todos estes som em volta e prestar atenção no que eu estou falando. E isso parece um processo tão fácil, mas para quem tem DPAC não é tão fácil assim.
Depois que ele conseguiu focar na minha voz, o fiozinho que liga da orelha para o cérebro precisa processar a informação.
Normalmente ele vai entender a ultima palavra banana (o que será que a minha mãe quer com a banana?)
Ai ele pergunta de novo: o que você disse? (ai ele entende: ah, comprar banana)
Pronto, ele vai e compra a banana.
E você pergunta: Gabriel e a maçã? Porque você não comprou?
Ele: ué? Você nem me falou?!?!?!
Pedir duas coisas para o Gabriel sempre é complicado, você precisa sempre frisar bem e mandá-lo repetir.

2º Exemplo:
Compramos um super filme: o Kung Fu Panda.
Sabadão a tarde, sentamos a família toda para assistir: papai, mamãe, irmã e Gabriel.
O filme começa e não dá um minuto a gente já percebe que será difícil de ver o desenho. Porque?????
O detalhe que não contei é que o filme era pirata. O som foi gravado do cinema, então tinha barulho do saco de pipoca, de gente se mexendo na cadeira, de gente falando, rindo e lá no fundo o som do filme e nem tinha a opção de legenda no filme.
Não dá cinco minutos e o pai dormiu no sofá, a nana foi brincar de bonecas, eu fui arrumar a casa e o Gabriel ficou sentado, assistindo, rindo, lutando e se divertindo com o filme.
No meio do filme ele gritava: mãe vem ver. Mãe, vem logo.
Fim do filme.
Gabriel: põe de novo mãe!!!
E eu: tá louco Gabriel, de novo, não dá para entender uma palavra que o povo fala.
Gabriel: eu entendi tudo e quero ver de novo.
Eu olho para o pai e a gente percebe que para Gabriel o som do filme é o que ele escuta no seu dia a dia,  um monte de barulho tudo junto, então para ele o filme estava normal.

Ouvir, separar e entender os sons, parece tão fácil, tão lógico. Mas, não é tão fácil assim, o ser humano, é um ser complexo, que um fiozinho solto, faz uma grande diferença.