quarta-feira, 10 de abril de 2013

Luta diária na escola.


Crianças que tem alteração do processamento auditivo precisam ser estimuladas a todo momento para que possam prestar atenção e participar dos assuntos na sala de aula.

Estas crianças precisam sentar na primeira fileira e de preferência no meio, para que o som não fique em apenas de um lado do ouvido.

O professor precisa chamar a atenção da criança várias vezes para que ela se concentre na aula. E se possível escrever palavras chaves na lousa para que a criança consiga acompanhar a matéria, a linha de raciocínio.

Tudo muito fácil e simples, né?

Infelizmente, não. Muitos professores não estão preparados para lidar com o diferente. E pior, a sala de aula tem 35 alunos. As aulas duram 50 minutos.Como dar a atenção para uma criança e passar toda a matéria?!?!
Incluir uma criança com DPAC em uma sala de aula não é uma tarefa muito fácil mesmo.

A situação fica mais complicada quando é preciso trabalhar em grupo, seja numa prova ou num simples trabalho. Como explicar para os outros alunos, que o amigo que tem dificuldade de falar e entender, também precisa participar do grupo? E ainda, como motivá-lo, chamar atenção e explicar?

As crianças não têm a obrigação de estimular o Gabriel, não se pode exigir isso delas.

O Gabriel que precisa aprender a participar do grupo colocando ideias e sugestões.

Ainda não consegui mudar este cenário. No dia a dia do Gabriel situações como essas que descrevo abaixo são muito comuns:

Prova em grupo:
Gabriel: Mamãe. Eu estou triste. Os meus amigos disseram que foi minha culpa que tiramos 4 na prova em grupo de Ciências.
Eu: Será que foi sua culpa mesmo? O que aconteceu? Você errou a resposta?
Gabriel: Não mamãe. Eu não respondi nenhuma pergunta. A minha função era de passar a limpo a prova.
Eu: Então, eles que erraram Gabriel. Eles que escreveram a resposta errada. A culpa é deles.
Gabriel: Não mamãe. Quando eu fui passar a prova no papel da escola, a letra do menino era muito feia, e eu não entendia nada, então quando eu não entendia a palavra, eu escrevia outra no lugar.

Trabalho em grupo:
Gabriel: Mamãeeeee! O meu trabalho de Vulcão foi o melhor da escola!
Nath: É verdade mamãe, todo mundo adorou. Foi um sucesso!
Eu: Eba! Gabriel! Que ótima notícia! Mas, só uma dúvida, não me lembro de ter pesquisado nada sobre vulcão?!?!
Gabriel: Ah, mãe. Não precisava.
E eu: Ué? Como não? Você não ajudou em nada?
Gabriel: Sim, lógico que ajudei. Cada um tinha uma função. E eles disseram que a minha função era não fazer nada.

Tem hora que eu não sei se rio ou choro.


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