quinta-feira, 29 de maio de 2014

Um dia mãe....

O Gabriel adora desenhos seja na televisão ou no cinema.
Já filmes ele não gosta de assistir porque ele precisa prestar mais atenção no enredo e nas cenas.

E esta semana ele me surpreendeu.
Indo de ônibus para Londrina, passou o filme: um sonho possível (já comentei deste filme em um post anterior)
Eu pensei que o Gabriel nem estava prestando atenção.
E me surpreendeu quando ele começou a contar a história com riqueza de detalhes.

Perguntei para o Gabriel qual era mensagem que o filme estava passando. E ele disse:

O Big Mike era pobre, não tinha amigos e ninguém queria brincar com ele.
Porque todo mundo o achava burro,  mas a mulher sabia que ele era inteligente.
E depois virou um grande jogador.

Pensou mais um pouco e disse:
Um dia mãe, vou mostrar para todo mundo que sou inteligente também.

E o meu olho encheu de lágrimas e não consegui falar nada naquele momento.


terça-feira, 27 de maio de 2014

O duro é não saber como ajudar

Gabriel: Mãe eu não estou feliz.
Eu: Porque Gabriel? O que te deixa triste?
Gabriel: Não sei. Só sei que não estou feliz.

O Gabriel tem 12 anos.
E as crianças desta idade estão entrando na pré adolescência.
Nesta idade não é apenas brincar, brincar e brincar.
É conversar sobre música, sobre filmes, sobre meninas.
É falar no whatapp e postar no facebook.

Eu acredito que por conta do DPAC,  o Gabriel é mais infantil que as outras crianças.
Por eles não entendem palavras de duplo sentido
Por eles não entendem piadas
E como é difícil  acompanhar uma simples conversas.

Vejo que ele não conversa, não fala muito.
E quando ele se arrisca a falar, os meninos riem, outros não dão atenção e alguns atrapalham a conversa só para ele esquecer o que estava falando.

Então, aos poucos ele vai se fechando.
Conversando apenas com adultos e com quem tem paciência em escutá-lo.

Eu sei porque você esta triste Gabriel.
E o duro que eu nem sei como te ajudar.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Como educar um cachorro. Parte 10

MOTI, seu cachorro sem vergonha! Você comeu o meu sapato! Vou jogar você no lixo!

Gabriel: Mãe, ele é bebê ainda.
Eu: Que raiva! Vou jogá-lo fora.

Gabriel leva o Moti para o quarto e diz:
Moti presta a atenção.
Vou falar uma vez.
Nunca coma o sapato da mamãe.
Ela agora ficará falando, falando, falando até cansar.
E é melhor você nem falar nada para ela não ficar mais irritada.

Passou um tempo, cruzo com o Moti.

Eu: Moti, não chegue perto do meu sapato.

Gabriel: Eu te disse Moti. Eu avisei! Da próxima vez pega o sapato da Nath.

sábado, 10 de maio de 2014

Sou muito feliz em ser sua mãe Gabriel

Foram 3 anos esperando.
E você chegou.
Até os 2 anos não notava nenhuma diferença.
Você foi crescendo e não conseguia falar nada.
As vezes eu percebia que você não me entendia.
Mas, sempre diziam que era coisa de menino.
Menino sempre é muito disperso e levado.

Você já tinha 5 anos, não falava e não obedecia.
Como mãe sentia que tinha algo.
Que você tinha que ter alguma coisa.
Entretanto, todos diziam que eu mimava você.
Me policiava para não te mimar.
Fui dura várias vezes.
Mas, mesmo assim você ainda não falava.

Quando você completou 6 anos, você repetiu o pré.
Não aprendeu a ler, não aprendeu a escrever.
Você falava, mas eu não entendia.
E você começou a ficar mais irritado.
Continuava se jogando no chão,
E fazendo “malcriações”.

E venho o diagnostico.
Descobri que você tinha DPAC (alteração do processamento auditivo)
Uma mistura de alivio porque o seu problema tinha nome.
E de culpa porque devia ter feito algo antes.

Informaram que a fono te curaria.
Que era simples e bastava se tratar.
Entretanto, o problema foi maior que eu imaginei.
Você caiu em depressão.
Você pedia ajuda e eu não sabia o que fazer.
Os amigos da escola se afastaram.
E você encontrou novos amigos do beisebol.

Amigos que brincavam.
Amigos que ajudavam
E amigos que simplesmente aceitaram você como é.

Aos poucos você foi reerguendo.
Com sua força de vontade, você foi lutando todo os dias.
Aos 10 anos você começou a falar melhor.
E aos 11 anos quando você disse que começava a entender o que os outros falavam.....
Nossa que alegria imensa.

Hoje, você é ao meu maior orgulho.
Sei que ainda temos muito chão para percorrer.
Sei que a luta é grande.
Mas, tenho certeza da sua vitória.

Saiba que sou muito feliz em ser sua mãe.
Saiba que você e Tata é a minha maior riqueza
E o melhor presente que alguém possa ter.


Eu te amo Tata e Gabriel

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Segunda, terça, quarta.....

E esta semana esta punk.
Começou as aulas de recuperação e provas.

Segunda-feira: Prova de Arte.
Semana de arte moderna – o marco do movimento modernista do Brasil, 1922, teatro Municipal, escritores como Anita Malfatti, Graça Aranha.......
Eu: Gabriel o que você entendeu?
Gabriel: escritor, Brasil, moderno.

Terça-feira: Prova de filosofia.
Lógica – ciência do raciocínio, Aristóteles foi um dos responsáveis pelos fundamento da lógica......
Eu: Gabriel você sabe o que é raciocínio?
Gabriel: Não, sei o que é.
Eu: Raciocínio é uma pensamento. Um pensamento lógico, entendeu?
Gabriel: ?!!? mais ou menos.

Quarta-feira: Prova em Iniciação a Física e Química
Psicrômetro: consiste de dois termômetro idênticos, um deles chamado de bulbo úmido.....
Eu: Gabriel o que é piscrômetro.
Gabriel: pi o que?

E assim vai.....

Quinta-feira: prova de inglês.
Sexta –feira: prova de história
Etc, etc e etc.

Cada ano que passa, as matérias aumentam, mais conteúdo, mais detalhes e informações.
E já não consigo mais acompanhar as matérias com ele.
Isso consome muito tempo.
Pois, eu preciso ler, entender para depois tentar explicar algo de maneira mais simples e objetivo.

Será que uma criança de 12 anos precisa aprender tudo isso?
Será que crianças com DPAC consegue absorver tanta informação?
Será que alguém que aprendeu a falar aos 10 anos e entender o que as pessoas dizem aos 11 precisa realmente aprender todos estes detalhes?

Hoje eu vivo uma grande luta?
Não sei até onde vale a pena ficar “brigando” com o Gabriel para colocar todas estas informações na sua memória.
Por enquanto faço o que eu posso e onde até a minha paciência deixa ir.

Mas, estou cansada.
Já penso em levantar a bandeira branca
E deixar a vida levar.....

terça-feira, 6 de maio de 2014

#tudobemserdiferente

Bananas.
Macaco.
Preconceito.

Este foi assunto da semana passada.

O preconceito não esta somente em cor, raça.
Esta presente em vários lugares.

Quando alguém sai do “padrão” a sociedade olha torto.
Na verdade pessoas “diferentes” são discriminados pela sociedade.

E neste momento eu olho para Gabriel
As crianças tem o preconceito por ele ser diferente.
Por ele não falar direito.
Por não entender a brincadeira
E até mesmo por ser gordo.

Ele sofre.
Diz não se importar.
Mas, no fundo fica triste.
Queria simplesmente é ser aceito como é.

Não somos todos iguais.
Não somos macacos
Somos todos diferentes.

E mereço respeito


E a campanha que levanto é: #tudobemserdiferente