quinta-feira, 22 de agosto de 2013

#Diversão 14

As aventuras de quem escuta, mas que vive achando solução para tudo.

Eu: Gabriel, o que você vai ser quando crescer?
Gabriel: Jogador de beisebol! Vou jogar junto com meu amigo Daniel, no Mariners.
Eu: Mas, você terá que ir para o EUA e morar sozinho?
Gabriel: Tudo bem. Eu sei me virar sozinho.
Eu: Vou ficar sozinha!!!
Gabriel: Não mãe, você vai ficar com o Moti.
Eu: Mas, você sabe inglês? Lá só fala inglês.
Gabriel: É verdade....... 

Dois dias depois.......

Gabriel: Mamãe, você compra um quadrado que usa fone de ouvido. Um negócio que as pessoas usa para ouvir música? Não sei o nome.
Eu: Walkman? CD? mp3? Para que você quer?
Gabriel: Para aprender inglês. Eu vi na televisão que a gente aprende inglês em 1 mês. E só preciso ficar ouvindo. Agora eu posso ir para o EUA, mamãe!!!


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Somos diferentes.

Ontem, quando eu vi o Gabriel chegando com a cabeça baixa, já pensei: hoje é o dia.

Eu: O que aconteceu, bebê?
Gabriel: Tirei 4 em Geografia, 3 em matemática e 2 psouot (não entendi o que ele falou). Vou repetir de ano.

Abracei com toda força e disse: tudo bem, ainda tem as provas orais.

Vou ter que ir de novo para escola, para tentar mudar alguma coisa.
Mais uma vez, tentar explicar o quanto que o Gabriel se sente frustrado, incompetente indo mal nas provas.

Já conversei com a coordenadora dizendo que ele não consegue fazer uma prova normal. Esta prova precisava de adaptação, com pergunta simples e objetiva. Por mais que ele saiba a matéria, ele não consegue responder, porque não entende a pergunta.

O DPAC, não é considerado um “problema” que é tratada como inclusão escolar, e sim uma criança com transtorno funcional especifico*.
E por não ser inclusão, acaba sendo mais na boa vontade dos professores e da escola. 

Bom, para alegrar o final do dia do Gabriel, e para animá-lo a estuda ciências,
Eu disse: Vamos estudar ciências e depois a gente vai jantar no Xing ling, pode ser?
Gabriel: Eba! Vamos estudar mamãe.

Sei que faço errado, não poderia alegrá-lo com um prato de comida. Mas, se deixa o meu pequeno feliz, um simples prato de comida, então porque não mimá-lo?

*Transtorno funcional especifico: não é considerada uma criança deficiente, e sim, esta relacionada à funcionalidade específica do sujeito sem o comprometimento intelectual do mesmo



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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Vivendo e aprendendo

Gabriel esta em semana de provas.
Português, matemática, ciências, história, geografia.
Quanta coisa para estudar.
São várias páginas do livro e do caderno.
É ficha de resumo para cá e para lá.

O mais complicado para ele, é fazer a última prova, o TG (testes gerais).
É um provão com 10 questões de cada matéria, com respostas múltipla escolha.
Como se fosse vestibular mesmo. E este TG também conta nota.

O primeiro TG que ele fez, foi no primeiro semestre passado.
Era um monte de perguntas que ele ficou cansada de responder já nas 10 primeiras questões.

E o melhor da história foi:

Eu: Gabriel? Porque você assinalou duas alternativas?
Gabriel: Porque eu não sabia qual era certa, então, eu fui esperto e anotei as duas. Assim, uma esta certa.
Eu: Mas, Gabriel, se você anota duas respostas, eles anularam a sua questão.
Gabriel: Será mãe? A professora não falou nada.
Eu: Esta escrito aqui na instrução!!!!!
Gabriel: Eu nem tive tempo de ler toda a prova, vou ler as instruções? E nem sabia o que era instruções.
Eu: E você preencheu toda a folha da respostas?
Gabriel: Só preenchi o que eu fiz? O que eu não fiz, como ia saber que letra que colocaria?
Eu: Era só chutar uma letra?
Gabriel: Chutar uma letra? Como assim? Ninguém chuta letra mãe.
Eu: Porque você usou a folha de rascunho para desenhar? Esta folha é para fazer as contas.
Gabriel: Eu nem sabia o que era rascunho, quando vi a folha, achei que era para desenhar.
Eu: Gabriel, você disse que não teve tempo para fazer toda a prova, mas você comeu tudo que levou.
Gabriel: Ué? Eu estava com fome. Então, tive que comer primeiro para depois fazer a prova. Você quer que eu morra de fome?!?!

Bom, o importante que desta vez ele já sabe que não pode assinalar duas respostas, que pode chutar uma letra e que não precisa fazer desenho na folha de rascunho.

Vivendo e aprendendo.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

De novo?

Crianças que tem alteração do processamento auditivo tem muita repetição de atitudes, bom pelo menos no caso do Gabriel.

O Gabriel quando aprende uma brincadeira, repete esta brincadeira exaustivamente, dia após dia até torrar a paciência do próximo.
Por exemplo:
Se ele acha que cutucar uma pessoa é engraçada, ele vai cutucar todo mundo, todo os dias, até alguém brigar com ele e mandar ele parar.

Se ele vai para algum lugar e adora, ele conta esta história várias vezes e ainda se gabando no final.
Por exemplo:
Eu fui para Bahia, e lá tinha comida gostosa, uma piscina enorme, fui ver as tartarugas. Sou uma pessoa de muita sorte. 

Eu acredito que é deve ser um problema comportamental esta repetição das coisas que ele faz.

Ele não faz por mal. Mas, a vontade de contar ou de brincar é tão grande que ele não percebe o quanto irrita ou quanto cansa ouvir a mesma história.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

#Diversão 13

As aventuras de quem escuta, e que acha que pode tudo.

Gabriel: Mãe, um dia posso ir pescar com o vovô?
Eu: Claro, Gabriel.
Gabriel: Mas, eu não quero pegar tilápia, já estou cansando de pegar este peixe.
Eu: Nossa, quem ouve parece que você vai pescar toda semana. E o que você quer pescar?
Gabriel: Aquele peixes que passa na TV, o monstro do rio.
Eu: E o vovô, sabe onde pesca estes monstros?

Gabriel: Ué?! Ele sabe tudo de pesca! Vou pegar um peixe, com aquela coisa que enrola o fio. Depois você tira foto e coloca no face, tá bom?

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Isso é uma vergonha!

Um programa único no Brasil para crianças com DPAC e o Governo quer fechar as portas?

Como pode isso?
Quantas crianças com DPAC têm neste país?
Quantas crianças não têm condições de pagar um tratamento?
Ao invés do Governo multiplicar o atendimento as crianças com DPAC, ele simplesmente tenta eliminar?

Que vergonha!
Que tristeza!
Quantas crianças que sofrem?
Crianças que querem apenas aprender, e não tem apoio do governo.

Segue um resumão das informações que recebi do Movimento em defesa ao DPAC, falando desta realidade:

“CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento as Pessoas com Surdez) existe em todos os estados.

Em Brasília, desde 2007, a Secretaria de Educação ao se deparar com a identificação/demanda do DPA(C), determinou ao CAS atender estes alunos visto que não possuía um atendimento específico a estes alunos. A alegação, na época, era que o CAS realizava um trabalho que mais se aproximava do  transtorno, por ser um distúrbio ligado a audiocomunicação.

Hoje o CAS atende 150 crianças com DPAC e tem uma fila de espera de 120. Um programa único no Brasil para DPAC.

O interesse do movimento é multiplicar este programa para todos os CAS, mas a secretária da educação esta fechando o CAS/DF desde 2008.


Hoje, o CAS/DF existe porque o ministério público em 2013, intervenho a favor do movimento. Mas, 2014 ainda não tem a garantia de existência”.

Espero que o Movimento de defesa ao DPAC consiga manter este trabalho para 2014, 15, 16, 17.....
E, principalmente, consiga estender a todo o país.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sincero demais

Alteração do processamento auditivo é uma deficiência invisível. Então, as pessoas muitas vezes confundem com preguiça, falta de atenção, manha, fraqueza, folgado, falta de vontade e etc.
Na hora, ninguém pensa: Será que este menino tem dificuldade?

Sempre pensamos: Que folgado! Já fazendo manha.

Vire e mexe eu brigo com o Gabriel e digo: Gabriel faz isso direito, deixa de ser preguiçoso.
Mas, aí paro e penso: será que ele esta com dificuldade ou esta sendo preguiçoso mesmo?

Porque as crianças são espertas. Tem hora que o Gabriel me enrola direitinho. Dizendo que não sabe fazer, só para eu ficar com dó e fazer por ele.

Como eles são sinceros demais, bom, no caso do Gabriel, eu olho bem no olho dele e pergunto: você esta me enrolando?
Se tiver, ele já se entrega na hora. Se não, ele fica bravo e fala: ninguém acredita em mim quando eu falo.

É muito engraçado quando ele tenta enrolar o pai.

Pai: Gabriel você pulou corda hoje?
Gabriel: Sim, pai. Pulei na vovó.
Pai: TEM CERTEZA?
Gabriel: Não, pai.
Pai: Não o que?
Gabriel: Não pulei corda.
Pai: Você mentiu?
Gabriel: É....... eu acho que sim... desculpa.

Gabriel: Nossa Nana, você que contou, né?
Nath: Eu não falei nada.
Gabriel: Ué? Como ele descobriu?
Nath: Porque você desmentiu.
Gabriel: O que? Des o que? Ah! Deixa para lá. Vamos pular corda Nana, antes que o papai briga comigo.

Ser sincero demais tem hora que é complicado.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Maratona de Estudos

Na segunda quinzena do mês de agosto começa as provas do Gabriel.
E hoje, começa de novo, a maratona de estudos.

A semana ficará assim:
Aulas com a psicopedagoga: segunda, quarta e sexta.
Aulas de reforço na escola: terça e quinta
Fono (terça): ajudando o Gabriel orientando e ajudando
Psicóloga (quinta): ajudando o Gabriel orientando e ajudando
E eu de noite retomando a matéria estudada.

Nas outras provas, o resultado final foi de notas baixas como 3, 4, 5, as vezes um 6.
Ele fica triste e desanimado. E a gente também.
Por mais que o menino estude, se esforce, ele vai mal nas provas escritas. E o que resta é complementar com provas orais.
Nestas provas, eu não sei se ele realmente vai bem ou se o professor dá a nota pelo esforço dele.

Será que todo este esforço vale a pena?
Investir tempo e dinheiro para no final ele ir mal?

A família acredita que sim.
Crianças com alteração do processamento auditivo precisa de mais tempo para aprender e de se organizar.
Um dia ele aprenderá a lidar com tudo isso e não precisará mais de todo este apoio

Enquanto este dia não chega, vamos estudar, temos muitas provas escritas e orais para fazer neste longooooo mês de agosto.

domingo, 11 de agosto de 2013

Feliz Dia dos Pais

Parece que é tão fácil quando você faz as coisas.

A maneira de como você age, fala, soluciona, eu sempre tento te copiar. 

Do monte coisa que você fala, diz e aconselha. O que mais me marca é:

- Gabriel, você não precisa ser o melhor de todos. Você precisa dar o melhor de você! Não importa que sai errado, se não for do jeito certo, mas se você der o seu melhor, é o que vale.

Feliz dia dos pais! Que você sempre continue acreditando em mim.

Gabriel


Obrigado Papai, por sempre me guiar.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Como educar um cachorro. Parte 6

Técnicas de como educar um cachorro, com Gabriel
(Crianças são como esponjas e repassa o que aprende.)

Moti, você não pode ir perto das pessoas que você não conhece.
Estas pessoas são más e vão te levar embora.
Não fique conversando com qualquer um.
Quando eles te chamarem, finge que você nem ouviu.
E vai embora. Você entendeu, né?

Olhe para mim: Nunca chegue perto de estranhos e não aceite doces de ninguém.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

#Diversão 12

As aventuras de quem escuta, mas a mãe vive complicando a sua vida.

Eu: Gabriel limpa o coco do Moti.*
Gabriel: Tá bom, mãe. E lá foi pegar o papel higiênico.
Eu: Ao invés de você pegar o coco, já troca o tapete e coloca  um novo.
Gabriel: O que? Não entendi nada. É para pegar o coco ou para trocar o tapete?
Eu: Como você vai trocar o tapete, já pega todo o tapete com o coco e já joga no lixo.
Gabriel: Aiiiiii, não estou entendendo nada!!! Troca o tapete? Joga  o coco? Tapete com coco? 
Eu: Assim, Gabriel (vou lá mostro como se faz), pega o tapete com o coco junto e joga no lixo, viu?
Gabriel: E porque você não avisou que era para fazer isso!?!? Nossa mãe, como você complica a minha vida.

*O Moti, cachorro do Gabriel, faz suas necessidades no tapete higiênico. Este tapete absorve o xixi, é preciso retirar o coco que fica em cima. E dura uma semana em média.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Dói ouvir e machuca.

Todo dia eu pergunto para o Gabriel: Como foi a escola?
E ele responde: Bem.
Eu: E o que você fez?
Gabriel: Estudei
Eu: E o que você aprendeu? Brincou? Jogou?
Gabriel: Não sei. Não me lembro.

E assim termina o assunto.
Sempre resposta superficial e sem nada acrescentar.
Tem dia ele deixa escapar uma história, ele diz uma coisa a mais, e ontem foi este dia.

Eu: Como foi a escola?
Gabriel: Hoje, eu fiz trabalho em grupo sobre a mitologia grega.
Eu: Que legal!! E com quem você fez?
Gabriel: Com fulano e sicrano.
Eu: E quem escolhe o grupo? A professora?
Gabriel: Não, cada um escolhe o seu grupo.
Eu: E você fez com os seus amigos?
Gabriel: Não, mãe. Eu sempre espero os grupos se formarem.
Eu: Como assim? Você não escolhe? Você não disse que pode escolher?
Gabriel: Eu espero o grupo se formar, ai a professora me coloca em um grupo.
Eu: E por que você não escolhe?
Gabriel: Porque ninguém quer fazer comigo, então, espero a professora falar para onde tenho que ir.

Olho para ele, paro, fico com raiva, dói ouvir e machuca. Suspiro. E penso, o que vou falar?

Gabriel olha para mim e diz: Tudo bem mãe. Eu não fico mais triste, eu me viro.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Dez coisas que toda criança com DPAC gostaria que você soubesse:

1 - Levo tudo ao pé da letra: Eu não consigo entender gírias,metáforas, duplo sentidos e piadas. As coisas que você diz não fazem sentido para mim.
Quando você diz: Segure a onda. Eu entendo: onda? Como segura a água?
Quando você diz: Passe a batata quente. Eu entendo: passar por onde? Porque a batata?

2 - Queria muito brincar com você: eu gosto muito de brincar, mas as vezes não vou, porque eu não sei como entrar na brincadeira.
As vezes eu digo que não quero, porque eu tenho medo de errar. Se você chamar  para brincar, ficarei muito feliz.

3 - Não compreendo o que você diz: eu tenho muito dificuldade de entender as pessoas, se você fala muito rápido, não vou entender. Então, por favor, sempre que quiser falar comigo, me chame pelo meu nome, fale devagar e com palavras mais simples.

4 - Não peça duas coisas ao mesmo tempo: eu tenho muito dificuldade em guardar as informações. Então, peça sempre uma coisa de cada vez e com frases simples. Assim poderei te ajudar.

5 - Tenha paciência: muitas vezes não entendo o que você fala, peço para você repetir várias vezes. Falo muito: heim? O que? Mas, é que as vezes é difícil entender o simples. Não faço por mal, uma coisa simples para você, é difícil para mim. Tenha paciência comigo.


6 - Mostre as coisas: eu tenho muita dificuldade em entender o que você esta falando. Então se você mostrar como se faz, eu compreendo melhor.
A minha visão funciona melhor do que o meu ouvido.

7 - Fico triste: eu sei que misturo as histórias, não entendo a brincadeira, faço bobagem, falo errado, pergunto várias vezes a  mesma coisa, sou desajeitado mas, por favor, não goze, não ria de mim. Eu fico triste, me magoa.

8 – Me ouça: eu tenho dificuldade em contar uma história, por falta de vocabulário e de colocar a história na sequencia. Eu sei que muitas vezes o que eu conto, ninguém entende nada. As vezes começo falando alguma coisa, e mudo de assunto. Sei que não sou bom de conversar, mas, queria muito que você prestasse atenção em mim.

9 - Sou capaz: eu consigo fazer tudo o que me pedem. Só preciso de mais tempo para aprender e entender. Tenha paciência comigo que eu vou conseguir.

10. Me abrace: quando eu estiver triste, não precisa falar nada, basta me abraçar. Não sei pedir um abraço seu, não consigo te abraçar. Mas, um abraço é a melhor ajuda que você pode me dar.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

#diversão 11

As aventuras de quem escuta, mas as vezes é difícil entender.

Na fila para comprar o sorvete do MCdonald's

Atendente: Não tem sorvete de chocolate, só baunilha. Tudo bem?
Eu: Gabriel não tem sorvete de chocolate, só baunilha pode ser?
Gabriel: Tá bom.
Eu: O que você quer?
Gabriel: Casquinha de chocolate.
Eu: Não tem chocolate, só baunilha.
Gabriel: Ah!Deixa eu pensar...... Quero misto, casquinha mista.
Eu: Gabriel, não tem misto, porque misto vai baunilha e chocolate. Só tem baunilha. Pode ser casquinha de baunilha?
Gabriel: Ué, você não disse que não tinha baunilha? Não estou entendendo nada?!?!? Como você complica a minha vida.