quinta-feira, 7 de março de 2019

O nome do pai


Eu não me lembro quantos anos o Gabriel tinha.
Eu acredito com 7 ou 8 anos.

Ele voltou para casa triste.
E mostrou uma prova, tinha tirado 1.
Um dos exercícios era: Escreva o nome da sua mãe e do seu pai.

Ele escreveu: Mamãe Tris e Papai Rebiti
Tinha um X enorme na questão.

No dia seguinte, fui questionar a professora.
Eu: Ele escreveu certo mamãe e papai. Não tinha que considerar meio certo?
Ela:As crianças nesta idade tem que saber escrever o nome dos pais.
Eu: Mas, nunca fizemos nenhum exercício com os nomes dos pais. E Gabriel tem DPAC, a compreensão dele é diferente da nossa.
Ela: Se você nunca ensinou, não tenho culpa.

Sai arrasada de lá.
Tinha tanta coisa para ensinar.
Nunca tinha passado na minha cabeça que pediriam os nomes dos pais em uma prova.

E porque estou contando isso?
Gabriel fará 18 anos este ano.
E pela internet fez o alistamento militar.

E fomos preenchendo as informações solicitadas.
Nome, data de nascimento, RG, CPF, endereço
Algumas informações ele sabia,
Outras eu falava.

E um certo momento chegou:
Nome da mãe – ok
Nome do pai – ele pensou, digitou, apagou, digitou de novo. E perguntou:

Gabriel: Como escreve o nome do pai?
Eu: Com H
Gabriel: Hebeti
Eu: Não Gabriel, T é mudo.
Gabriel: O que é um T mudo? O T fala?
Eu: Não Gabriel, é o T sem a vogal i
Gabriel: Ahhh, não era melhor falar T sem a vogal do que T que não fala?
Eu: Faltaram dois R no nome, depois do E
Gabriel: Dois R?
Eu: Depois do E
Gabriel: Herrbet
Eu: Não
Gabriel: Você disse dois R depois do E.
Eu: Desculpa. Tem R depois do E.
Gabriel: Escreve aqui.
Eu: H E R B E R T
Gabriel: Porque escolheram um nome tão difícil
Eu: Acho que era para complicar a vida nossa.

Fiquei pensando......
Mais de 10 anos depois
Somente agora que eu ensinei como escreve o nome do pai.
Realmente a culpa foi minha.
Devia ter ensinado antes

Enfim.... nunca é tarde para aprender e ensinar..... 


3 comentários:

  1. Dizer que amo tuas histórias e a do Gabriel seria pouco.
    Quantos ensinanentos!

    ResponderExcluir
  2. Dizer o quanto amo suas histórias e as do Gabriel seria pouco.
    Quantos ensinamentos!

    ResponderExcluir
  3. Boa noite!!!! Estou amando suas histórias com o Gabriel. A 1 ano descobrimos que minha filha Maria Eduarda tem DPAC. Hoje está ncom 8 anos e me vejo nos seus contos. A jornada é difícil, muitas vezes não consigo ajudá-la. Auto estima muito baixa, vive no meu Dinho dela e em época de prova é um caos. Mas vamos seguindo, terapia, fono, floral e muito amor.

    ResponderExcluir